Compositor: Justin Bieber / Eli Teplin / Judah Smith / Carter Lang / Wes Halliburton
Antes que a primeira sombra tocasse nossos corações, havia apenas luz
Não estou falando apenas da luz do Sol que se filtrava pelo dossel das árvores como ouro líquido, morna em minha pele
Estou falando de vida, o próprio ar tinha um sabor doce, como mel na chuva, tudo vibrava
O Jardim não era só um lugar onde vivíamos, ele respirava conosco
Não havia medo aqui, o medo ainda nem tinha sido inventado (ah)
Um leão, esta criatura imensa e bela, apoiava sua cabeça pesada em meu toque
Tudo estava conectado, tudo estava exatamente como deveria ser (uh)
E Eva, quando olho para ela, eu finalmente entendo o que Deus quis dizer quando disse: Muito bom (ah)
E então, há Ele, é na brisa do dia, é quando Ele vem
Você sempre sabe quando Ele está perto
O ar, ele muda, carregado (ah, ah, ah)
Como se a própria atmosfera se inclinasse para escutar
Nós ouvimos o som primeiro, não passos pesados, mas uma mudança na atmosfera
Um peso de bondade movendo-se por entre as árvores
E nós corremos, corremos em direção ao som (ah, ah, ah)
A voz d'Ele não é apenas som
É o alicerce de tudo
Quando Ele fala é caloroso, ressonante, vibra no meu peito (ah, meu Deus)
Falam sobre as cores da água, por que os macacos tagarelam tanto, o que significa ser nós
Não há lacunas entre nós, nem hesitação, nem esconderijos, é completo
É um banquete, certo? Para onde quer que você olhe, sente a explosão na sua boca
Somos completamente livres, exceto que bem no centro, a árvore do conhecimento do bem e do mal (uh)
É a única linha divisória em um mundo sem muros
Deus é muito claro, não a toquem, no dia em que comerem, morrerão (ah, ah, ah)
Morrer? A palavra simplesmente paira no ar, não significa nada para nós (uh, ah, ah)
Nós confiamos Nele, claro que sim
Mas me pego perto dela com mais frequência do que admito, é deslumbrante (uh, ah, ah)
O fruto parece diferente, não parece apenas delicioso, parece sábio
Eva, um dia, estou perto da árvore, e há esta voz, suave como pedra polida
Pertence à serpente, a mais astuta, a mais bela de todas
Ele não grita, não ameaça, apenas faz uma pergunta
Deus realmente disse que vocês não podem comer de nenhuma árvore?
É uma pergunta simples, mas ela tira o mundo dos eixos
De repente, o Deus que nos deu tudo soa restritivo (uh, ah)
A serpente me diz que eu não morrerei (uh, ah)
Me diz que meus olhos se abrirão, que eu serei como Deus (uh, ah)
Essa é a isca, não é rebelião, é ascensão, é a promessa de mais (uh, ah)
Ele faz parecer que Deus está nos privando de algo
O fruto está pesado em minha mão, sua casca é lisa, fria ao toque (uh, eu [?], é)
A tensão é insuportável, eu mordo
O sabor não é apenas doce ou amargo, tem o gosto de tudo ao mesmo tempo
O mundo sai dos eixos, ela o traz para mim, seus olhos estão selvagens (e é selvagem)
Minhas entranhas gritam que isso é errado (não há dor [?])
Minha parceira, meu reflexo, ela ainda está de pé (ah, meu)
Eu confio mais nela do que na voz de Deus, eu como (ah, meu)
E instantaneamente, a luz se fratura (ah, meu Deus)
É como um espelho se estilhaçando dentro da minha alma
O ar se torna frio (ah, meu Deus), eu olho para Eva, ela olha para mim
E pela primeira vez, quero dizer, de verdade, pela primeira vez
Eu vejo que estamos expostos, vulneráveis, nus (e eu disse: Ah, meu Deus)
Isso é vergonha, nós nos apressamos, em pânico (eu disse: Ah, meu Deus)
Pegamos estas folhas de figueira grandes e ásperas, costurando-as (eu disse: Ah, meu Deus)
Elas arranhavam minha pele, não cobriam nada (eu disse: Ah, meu Deus)
E então ouvimos os passos d'Ele
O som que antes significava amor, que antes significava segurança (ah, meu Deus, ah, meu Deus)
Agora significa pavor, pavor absoluto (ah, meu Deus)
Nós corremos, nos escondemos na mata mais densa e escura que conseguimos encontrar (ah, meu Deus), prendendo a respiração
E então a voz d'Ele não está com raiva, não está gritando, é pior, soa melancólica: Onde vocês estão?
Ele sabe exatamente onde estamos fisicamente
Ele está perguntando para onde fomos em nosso íntimo
Onde estamos, tremendo, cobertos de folhas que coçam
A pergunta vem, gentil, mas firme: O que vocês fizeram? Vocês comeram do fruto? (Ah, eu)
É aqui que a rachadura se aprofunda? O buraco se alarga? (Uh)
Eu olho para a mulher que amo, e eu, eu aponto
A mulher que me deste, eu a culpo? Eu O culpo?
E eu aponto para a serpente: Ela me enganou
Apontamos o dedo cada vez mais rápido, jogamos a responsabilidade em qualquer lugar, menos em nós mesmos
E o veredito é dado, o mundo está partido agora, porque nós o partimos
O solo lutará contra nós, o parto será uma batalha
Relacionamentos serão complexos, dolorosos, e a morte
Aquela palavra que não entendíamos agora tem uma forma, tem a nossa forma
Mas então chega o momento mais estranho, Ele se ajoelha, Ele pega um animal
Uma das criaturas que Adão nomeou
É a primeira morte que testemunhamos, e Ele faz roupas para nossas peles que são pesadas
E elas cheiram a perda e cobrem a vergonha
As folhas de figueira foram nossa ideia, a cobertura é d'Ele
É este momento aterrorizante e terno
Ele está nos julgando, sim, mas não nos abandonou
Mas não podemos ficar, nós escolhemos o conhecimento em vez da intimidade
Ele nos acompanha até a beira do Jardim
O ar fica mais rarefeito aqui fora, o chão é rígido sob meus pés
Ao darmos aquele passo final para fora do Éden, olhamos para trás, e é avassalador
Um ser celestial, um anjo resplandecente de luz e fogo
Segurando uma espada que girava, era como um redemoinho
Os portões se fecharam com um estrondo que ecoa pelo universo
Estamos do lado de fora, está frio, o Sol está se pondo
Nós perdemos o paraíso, perdemos uma conexão ininterrupta, nós partimos o mundo
E foi assim que o silêncio começou, a separação
Mas enquanto nos afastávamos para o pó e os espinhos que carregávamos
Uma estranha promessa conosco sussurrava de Deus sobre um Salvador vindouro
Alguém que esmagaria a cabeça da serpente
A porta para o Jardim estava fechada
Mas a história de Deus estava apenas começando